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CELULAR E VIDA MODERNA

TEXTO 1 - USO DO TELEFONE CELULAR NAS ESCOLAS BRASILEIRAS

Grupos de WhatsApp motivam 77% dos problemas nas escolas

Em: http://www.otempo.com.br/cidades/grupos-de-whatsapp-motivam-77-dos-problemas-nas-escolas-1.1530823

PUBLICADO EM 13/10/17 - 03h00

JOANA SUAREZ

Sabe aquela “treta” que volta e meia ocorre no grupo de WhatsApp da família, de amigos ou do trabalho? Ela também acontece nas escolas entre alunos e pais e, muitas vezes, os conflitos saem do aplicativo, chegam às salas de aula e se transformam em um problema sério para escolas, crianças e adolescentes. A quarta edição da pesquisa Escola Digital Segura, elaborada pelo Instituto iStart[1], apontou que 77,7% dos incidentes escolares envolvem o “inofensivo zap-zap”. Seis em cada dez colégios já tiveram casos de desentendimentos em grupos formados por mães ou por familiares dos estudantes.

A advogada Patricia Peck Pinheiro, especialista em direito digital e idealizadora do Instituto iStart, relata um desses papos polêmicos em um grupo de mães: “Uma delas disse: ‘vamos lembrar de colocar o desodorante na mochila das crianças’; a outra respondeu: ‘pior que aluno sem desodorante é criança com perfume barato’; e veio outra: ‘nem todo mundo é perua para ficar no shopping comprando perfume caro’; e mais uma: ‘não tenho culpa que você é pobre’”. A conversa, conta Patrícia, continuou na escola e foi parar na delegacia, porque algumas mães se sentiram ofendidas e não queriam mais que os filhos fossem da mesma sala.

“O celular é um recurso muito poderoso. Tem que tomar cuidado (ao deixá-lo com crianças). Vai que um menino tira a foto do bumbum do outro no banheiro, achando que é uma brincadeira, mas, depois que compartilhou, aquele conteúdo não tem volta.” (Patrícia Peck Pinheiro / Advogada especialista em direito digital)

Casos

Das 200 escolas pesquisadas em todas as regiões do país, mais de 80% registraram até 50 ocorrências digitais nos últimos dois anos – problemas gerados por grupos, ciberbulling e brigas motivadas por posts. “Temos agora a fofoca digital, aquele papo de corredor ou de praça, que vai ficando documentado no celular. Estamos muito deslumbrados com essa nova tecnologia. A gente tem orientado pais, alunos e comunicadores, que temos que buscar uma comunicação mais objetiva. Usar a ferramenta de uma forma ética e educada”, explicou Patrícia, destacando que a linguagem coloquial do brasileiro por mensagem gera diferentes interpretações.

A cultura do uso de emojis (aqueles ícones divertidos) também pode causar desentendimentos. “Um jovem pega aquele emoji do cocozinho e manda, a pessoa pode achar engraçado ou pode achar que mandou um cocô. Se for aqueles que tem corações e beijinhos, pode parecer excesso de intimidade”, ilustrou Patrícia. Mas hoje, é raro conhecer alguém que não tenha o WhatsApp no celular. O fato é que as crianças estão levando o aparelho para escola cada vez mais cedo, antes era com 12 anos, agora, informou a advogada, há crianças de 6 anos com celular. “A inclusão digital tem que ser feita com educação”, ponderou ela. Em 70,3% das escolas ouvidas pela pesquisa, os conteúdos pedagógicos ou atividades específicas envolvem o tema da ética e segurança digital.

Cuidados precisam ir além de ciberbullying

O WhastApp tem gerado tantos problemas que, conforme a pesquisa, o ciberbullying deixou de ser o principal causador de conflitos. No estudo realizado em 2015, ele correspondia a 75% das ocorrências e, agora, caiu para 48,4%, enquanto os grupos de WhatsApp estão envolvidos em 77,7%. Mas o que ocorria no Facebook migrou para grupos do aplicativo de conversa.

Depois que a Lei 13.185, de combate ao bullying e ao ciberbullying, entrou em vigor, em 2016, 77,7% das escolas perceberam diferença nos comportamentos da comunidade, apontou a pesquisa. E 74% das escolas responderam que têm conseguido realizar a campanha preventiva anual obrigatória. “Tem que aumentar as campanhas preventivas e educativas para falar do WhatsApp e do uso do celular. Falar só de ciberbullying não é mais suficiente”, afirmou a advogada Patrícia Peck Pinheiro.

Atualmente, 23 Estados possuem leis que proíbem o uso do celular em sala de aula. Três Estados estão com projeto de lei para proibir, e apenas o Acre não tem proibição, conforme pesquisou o Instituto iStart. “O que acontece dentro do celular do aluno a escola não tem gerência, está na grande rua digital, mas os reflexos acabam alcançando a escola”, enfatizou Patrícia, que dá as dicas finais: cuidado com o uso da linguagem, não deixe entrelinhas, o que está registrado é uma prova.

 

[1] O selo “Escola Digital Seguras” é uma certificação, decorrente de um convênio entre o Instituto iStart, a FENEP (Federação Nacional das Escolas Particulares) e os SINEPEs (Sindicatos dos Estabelecimentos Particulares de Ensino). Este convênio tem como objetivo trazer soluções para as Escolas e leva o nome de “Projeto Escola Digital Segura”. A iniciativa trabalha todo o público da comunidade educacional, como educadores, alunos, funcionários, familiares e comunidade e ainda garante que a escola esteja em conformidade com a Legislação e normativa vigente, incluindo o Marco Civil da Internet.

TEXTO 2 - O USO DO CELULAR NO TRÂNSITO, NO BRASIL E EM OUTROS PAÍSES

EUA quer maior rigor contra uso de celular ao volante

 

Abril de 2013

 

Por João Ozorio de Melo

 

Um levantamento da Secretaria de Transportes dos EUA, divulgado na sexta-feira (5/4), revelou que, a todo momento durante o dia, 660 mil motoristas, em média, usam seus telefones celulares para falar, trocar mensagens de texto e se comunicar pelas redes sociais, enquanto dirigem em alta velocidade nas rodovias do país ou enfrentam o tráfego nas cidades.

A revelação mais preocupante do levantamento, segundo o jornal Los Angeles Times, é a de que as leis mais desrespeitadas do país são as que proíbem o uso de celulares e outros dispositivos com tela de toque por motoristas, quando seus carros estão em movimento.

Nos EUA, 39 estados e mais o Distrito de Colúmbia (D.C.) aprovaram leis que proíbem a troca de mensagens de texto por motoristas com carro em movimento. E dez estados, mais o D.C,.têm leis que proíbem o uso de telefone celular, mesmo que só para falar, com o carro em movimento. Mesmo assim, 40% dos motoristas nesses estados admitiram, em uma pesquisa, que usam o celular para falar enquanto dirigem. E 13% admitiram trocar mensagens de texto.

As consequências, segundo um estudo da Administração Nacional de Segurança no Trânsito, é a morte de 2,6 mil pessoas por ano, mais de 12 mil feridas gravemente e cerca de 330 mil com ferimentos leves, tudo causado por acidentes de carro provocados por motoristas que se distraem com seus dispositivos eletrônicos enquanto dirigem. Por isso, diversos órgãos de transporte dos EUA e universidades estão estudando e propondo novas medidas legislativas e administrativas para "convencer" os americanos a obedecer a lei. Mas as duas primeiras medidas, sugeridas por universidades, são "diretrizes" para a indústria automobilística e para os fabricantes de dispositivos eletrônicos.

Uma diretriz, proposta pela Universidade de Virgínia Ocidental, sugere à indústria automobilística desenvolver alguma tecnologia que impeça o uso de qualquer dispositivo eletrônico, especialmente smartphones e equipamentos com tela de toque instalados nos carros, quando o carro estiver em movimento. Uma ideia é desativar os dispositivos eletrônicos quando o carro estiver engatado em qualquer marcha.

Outra alternativa sugere à indústria de dispositivos eletrônicos desenvolver tecnologias que permitam a ativação por voz de telefones celulares e dos equipamentos com tela de toque que acionam mapas, músicas etc. O sistema deve possibilitar discagem por voz, escuta e envio de mensagens de textos também por voz e conversações pelo sistema de viva voz. Isso ao menos reduziria os riscos de acidentes, o que implica o reconhecimento das autoridades de que dificilmente os motoristas vão obedecer as leis.

"A Polícia acha difícil executar a lei que proíbe a direção distraída", disse ao jornal o presidente da Aliança para Estradas Seguras, Jeff Larson, de Boston. "Foi muito mais fácil convencer os motoristas a usar cintos de segurança", afirmou.

A Justiça americana também tem dificuldades para impedir a "direção embriagada". Mas, quando pegos, os motoristas são presos e levados à Justiça. Por alguma razão, ainda não explicada oficialmente, os adeptos da "direção distraída" ainda não se sentem ameaçados pela lei.

Regra brasileira


No Brasil, o Código de Trânsito — a Lei 9.503/1997 — proíbe o uso de celulares ao volante. A lei provocou a edição, pelo Departamento Nacional de Trânsito, da Portaria 24, que proibiu ainda o uso de sistemas monoauriculares interligados a celulares. Segundo o órgão do Ministério da Justiça, a proibição do uso do celular não está apenas no fato de dirigir com uma das mãos, mas na distração que a conversa no celular provoca ao motorista. O artigo 252 do Código prevê multa de R$ 85,13 e quatro pontos na Carteira Nacional de Habitação para quem for pego dirigindo com apenas uma das mãos.

"Quase 25% dos acidentes envolvem o uso do celular em algum momento, seja falando, lendo ou enviando mensagens de texto ou mesmo para pegar o aparelho", disse Antônio Nelson da Silva, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade de São Paulo de São Carlos (SP), ao portal G1 em janeiro. Também em janeiro, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, condenou um motorista por homicídio doloso por causar a morte de uma policial rodoviária ao se distrair com um celular enquanto dirigia, como informou a Agência Brasil. Ao julgar recurso do acusado, o desembargador federal Tourinho Neto (aposentado) considerou que “as provas produzidas até o momento sugerem que o réu assumiu o risco de produzir o resultado [morte da policial]”, mesmo estando dentro dos limites de velocidade permitida. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, o réu dirigia conversando ao celular quando ultrapassou os carros parados em uma barreira da Polícia Rodoviária Federal, avançou sobre os cones de sinalização e atingiu a policial.

No município de São Paulo, a Lei 13.440, de 14 de outubro de 2002, responsabilizou os proprietários dos postos de gasolina nos casos de utilização indevida de celulares por parte de seus usuários nos limites dos estabelecimentos. De acordo com o artigo 3º da lei, o descumprimento acarreta multa de R$ 400 ao usuário do aparelho e ao proprietário do estabelecimento, valores devidos em dobro no caso de reincidência.

(...)

Países europeus também querem banir uso de celular ao volante

Em: http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,paises-europeus-tambem-querem-banir-uso-de-celular-ao-volante,20020829p19447

Não é apenas o Brasil que proíbe totalmente o uso do celular pelo motorista. Na Inglaterra, o governo está prestes a aprovar uma lei que irá banir o celular, mesmo com o uso de fone de ouvido ou viva-voz. O modelo inglês começa a ser debatido em outros países europeus. A Suíça é um desses países que, em breve, poderá copiar a lei britânica. Até agora, os motoristas suíços estão autorizados a falar pelo sistema de viva-voz, mas recebem uma multa de R$ 200 se forem pegos com o celular na mão. Só na cidade de Genebra, com 350 mil habitantes, mais de 1,5 mil multas foram dadas em razão do uso do celular sem o viva-voz. A idéia das autoridades suíças, agora, é começar um debate sobre a proibição total do celular.

Apesar da preocupação dos países europeus com o celular, o índice de acidentes mortais em razão do telefone ainda é relativamente pequeno. Na Suíça, acidentes relacionados ao álcool têm 94 vezes mais chance de ocorrer que um acidente devido ao uso de celulares. Segundo um estudo feito no Canadá, o uso do celular é equivalente à presença de 0,8% de álcool no sangue. O curioso é que, na Suíça, o tema que realmente gera polêmica não é o uso do celular ao volante, mas se os usuários de maconha (que é permitida no país) podem, ou não, fumar ao conduzir.

Na França, hoje, quem for apanhado conversando no telefone celular enquanto dirige corre o risco de pagar uma multa de 22 euros - ou R$ 66 reais -, que pode ter seu valor dobrado ou triplicado se não for quitada em três dias. Em caso de reincidência, o faltoso perde também três dos 12 pontos em sua habilitação de motorista. Quando todos os pontos são retirados, o motorista fica impedido de dirigir pelo menos por dois anos. Apesar desse rigor, essa é uma das faltas mais comuns hoje na França, não apenas nas ruas de Paris, mas também nas estradas do país. Muitas vezes, motoristas dirigindo a 150 quilômetros por hora ou mais - a velocidade máxima é de 130 kms hora -, ultrapassam outros veículos discutindo negócios ou solucionando problemas familiares, via celular.

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